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Exercícios sobre funções da linguagem

Resolva esta lista de exercícios sobre funções da linguagem: referencial ou denotativa, emotiva ou expressiva, conativa ou apelativa, poética, metalinguística e fática.

Questão 1

 (Enem)

Cartum do Laerte em um exercício do Enem sobre funções da linguagem.

LAERTE. Mapa-múndi. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 24 out. 2021.

Nesse cartum, a predominância da função poética da linguagem manifesta-se na

A) ênfase dada à dificuldade de compreensão de um atlas.

B) articulação entre a expressão verbal e as imagens representadas.

C) singularidade da percepção da autora sobre a área de geografia.

D) construção de uma representação cartográfica diferente.

E) forma de organização das informações do mapa-múndi. 

Questão 2

 (Enem)

Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo, que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula. Em compensação, num racha de menino, ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quiçá no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.

NOGUEIRA, A. Peladas. Os melhores da crônica brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977 (fragmento).

O texto expressa a visão do cronista sobre a bola de futebol. Entre as estratégias escolhidas para dar colorido a sua expressão, identifica-se, predominantemente, uma função da linguagem caracterizada pela intenção do autor em

A) manifestar o seu sentimento em relação ao objeto bola.

B) buscar influenciar o comportamento dos adeptos do futebol.

C) descrever objetivamente uma determinada realidade.

D) explicar o significado da bola e as regras para seu uso.

E) ativar e manter o contato dialógico com o leitor. 

Questão 3

(Enem)

Uma luz na evolução

Dois fósseis descobertos na África do Sul, dotados de inusitada combinação de características arcaicas e modernas, podem ser ancestrais diretos do homem

Os últimos quinze dias foram excepcionais para o estudo das origens do homem. No fim de março, uma falange fossilizada encontrada na Sibéria revelou uma espécie inteiramente nova de hominídeo que existia há 50.000 anos. Na semana passada, cientistas da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, anunciaram uma descoberta similar. São duas as ossadas bastante completas ― a de um menino de 12 anos e a de uma mulher de 30 ― encontradas na caverna Malapa, a 40 quilômetros de Johannesburgo. Devido à abundância de fósseis, a região é conhecida como Berço da Humanidade.

Veja. Abr. 2010 (adaptado).

Sabe-se que as funções da linguagem são reconhecidas por meio de recursos utilizados segundo a produção do autor, que, nesse texto, centra seu objetivo

A) na linguagem utilizada, ao enfatizar a maneira como o texto foi escrito, sua estrutura e organização.

B) em si mesmo, ao enfocar suas emoções e sentimentos diante das descobertas feitas.

C) no leitor do texto, ao tentar convencê-lo a praticar uma ação, após sua leitura.

D) no canal de comunicação utilizado, ao querer certificar-se do entendimento do leitor.

E) no conteúdo da mensagem, ao transmitir uma informação ao leitor.

Questão 4

(Enem)

panela

[Do lat. *pannella, dim. do lat. vulg. panna, “frigideira”.]
Substantivo feminino.

1. Vasilha de barro ou de metal destinada à cocção de alimentos.

2. O conteúdo desse recipiente: Comeu uma panela de feijão.

3. Fig. V. panelinha (1 a 4).

4. Gír. Nádegas, traseiro.

5. Bras. Cavidade subterrânea onde as formigas depositam suas larvas.

PANELA. In: Novo dicionário eletrônico Aurélio, versão 5.0.

Os verbetes constituem um conjunto de acepções, isto é, pequenas notas e apontamentos que compõem as entradas de um dicionário. Com base na leitura do verbete “panela”, vê-se que a função da linguagem predominante é a metalinguística, pois nele se

A) discute uma concepção.

B) apresenta um argumento.

C) influencia o leitor.

D) define um conceito.

E) expõe um objeto.

Questão 5

(Enem)

Anúncio publicitário em exercício do Enem sobre funções da linguagem.

Folha de S. Paulo, 31 out. 2021.

Nesse anúncio publicitário, o trecho que concentra concomitantemente marcas das funções conativa e emotiva da linguagem é

A) “Vamos criar juntos o próximo nível?”

B) “Somos diferentes do que éramos ontem.”

C) “Juntos, estamos desenhando soluções.”

D) “que estão transformando o amanhã.”

E) “conheça as soluções para sua empresa.”

Questão 6

 (Enem)

Ave a raiva desta noite
A baita lasca fúria abrupta
Louca besta vaca solta
Ruiva luz que contra o dia
Tanto e tarde madrugada.

LEMINSKI, P. Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 2002 (fragmento).

No texto de Leminski, a linguagem produz efeitos sonoros e jogos de imagens. Esses jogos caracterizam a função poética da linguagem, pois

A) objetivam convencer o leitor a praticar uma determinada ação.

B) transmitem informações, visando levar o leitor a adotar um determinado comportamento.

C) visam provocar ruídos para chamar a atenção do leitor.

D) apresentam uma discussão sobre a própria linguagem, explicando o sentido das palavras.

E) representam um uso artístico da linguagem, com o objetivo de provocar prazer estético no leitor. 

Questão 7

 (Enem)

Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.

ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (fragmento).

Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de uma das funções da linguagem, identificada como

A) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua portuguesa para explicar a própria língua, por isso a utilização de vários sinônimos e definições.

B) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.

C) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.

D) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hipotrélico”.

E) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”. 

Questão 8

(Enem)

Campanha publicitária do Ministério do Turismo do Brasil em exercício do Enem sobre funções da linguagem.

BRASIL. Ministério do Turismo. Disponível em: www.turismo.gov.br. Acesso em: 27 fev. 2012.

Essa peça publicitária foi construída relacionando elementos verbais e não verbais. Considerando-se as estratégias argumentativas utilizadas pelo seu autor, percebe-se que a linguagem verbal explora, predominantemente, a função apelativa da linguagem, pois

A) imprime no texto a posição pessoal do autor em relação ao lugar descrito, objeto da propaganda.

B) utiliza o artifício das repetições para manter a atenção do leitor, potencial consumidor de seu produto.

C) mantém o foco do texto no leitor, pelo emprego repetido de “você”, marca de interlocução.

D) veicula informações sobre as características físicas do lugar, balneário com grande potencial turístico.

E) estabelece uma comparação entre a paisagem e uma pintura, artifício geralmente eficaz em propagandas.

Questão 9

(Enem)

Quadrinho quadrado

Quadrinho do Xavier em exercício do Enem sobre funções da linguagem.

XAVIER, C. Disponível em: www.releituras.com. Acesso em: 24 abr. 2010.

Os objetivos que motivam os seres humanos a estabelecer comunicação determinam, em uma situação de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se caracteriza por

A) tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de se tomarem certas medidas para a elaboração de um livro.

B) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta para sua obra seus sonhos e histórias.

C) apontar para o estabelecimento de interlocução de modo superficial e automático, entre o leitor e o livro.

D) fazer um exercício de reflexão a respeito dos princípios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro.

E) retratar as etapas do processo de produção de um livro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra.

Questão 10

 (Enem)

“Escrever não é uma questão apenas de satisfação pessoal”, disse o filósofo e educador pernambucano Paulo Freire, na abertura de suas Cartas a Cristina, revelando a importância do hábito ritualizado da escrita para o desenvolvimento de suas ideias, para a concretização de sua missão e disseminação de seus pontos de vista. Freire destaca especial importância à escrita pelo desejo de “convencer outras pessoas”, de transmitir seus pensamentos e de engajar aqueles que o leem na realização de seus sonhos.

KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88, out. 2013.

Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos devem exercer, em alguma medida, a função conativa, porque a atividade de escrita, notadamente, possibilita

A) levar o leitor a realizar ações.

B) expressar sentimentos do autor.

C) despertar a atenção do leitor.

D) falar da própria linguagem.

E) repassar informações. 

Questão 11

 (Enem)

Perder a tramontana

A expressão ideal para falar de desorientados e outras palavras de perder a cabeça

É perder o norte, desorientar-se. Ao pé da letra, “perder a tramontana” significa deixar de ver a estrela polar, em italiano stella tramontana, situada do outro lado dos montes, que guiava os marinheiros antigos em suas viagens desbravadoras.

Deixar de ver a tramontana era sinônimo de desorientação. Sim, porque, para eles, valia mais o céu estrelado que a terra. O Sul era região desconhecida, imprevista; já o Norte tinha como referência no firmamento um ponto luminoso conhecido como a estrela Polar, uma espécie de farol para os navegantes do Mediterrâneo, sobretudo os genoveses e os venezianos. Na linguagem deles, ela ficava transmontes, para além dos montes, os Alpes. Perdê-la de vista era perder a tramontana, perder o Norte.

No mundo de hoje, sujeito a tantas pressões, muita gente não resiste a elas e entra em parafuso. Além de perder as estribeiras, perde a tramontana...

COTRIM, M. Língua Portuguesa, n. 15, jan. 2007.

Nesse texto, o autor remonta às origens da expressão “perder a tramontana”. Ao tratar do significado dessa expressão, utilizando a função referencial da linguagem, o autor busca

A) apresentar seus indícios subjetivos.

B) convencer o leitor a utilizá-la.

C) expor dados reais de seu emprego.

D) explorar sua dimensão estética.

E) criticar sua origem conceitual. 

Questão 12

 (Enem)

Anfíbio com formato de cobra é descoberto no Rio Madeira (RO)

Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina. Exemplares estão no Museu Emilio Goeldi, no Pará

O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um anfíbio de formato parecido com uma cobra. Atretochoana eiselti é o nome científico do animal raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia registro do anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília. Nenhum deles tem a descrição exata de localidade, apenas “América do Sul”. A descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada.

XIMENES, M. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 1 ago. 2012.

A notícia é um gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, essa predominância evidencia-se pelo(a):

A) recorrência de verbos no presente para convencer o leitor.

B) uso da impessoalidade para assegurar a objetividade da informação.

C) questionamento do código linguístico na construção da notícia.

D) utilização de expressões úteis que mantêm aberto o canal de comunicação com o leitor.

E) emprego dos sinais de pontuação para expressar as emoções do autor. 

Questão 13

 (Enem)

Pedra sobre pedra

Algumas fazendas gaúchas ainda preservam as taipas, muros de pedra para cercar o gado. Um tipo de cerca primitiva. Não há nada que prenda uma pedra na outra, cuidadosamente empilhadas com altura de até um metro. Engenharia simples que já dura 300 anos. A mesma técnica usada no mangueirão, uma espécie de curral onde os animais ficavam confinados à noite. As taipas são atribuídas aos jesuítas. O objetivo era domar o gado xucro solto nos campos pelos colonizadores espanhóis.

FERRI, M. Revista Terra da Gente, n. 96, abr. 2012.

Um texto pode combinar diferentes funções de linguagem. Exemplo disso é Pedra sobre pedra, que se vale da função referencial e da metalinguística. A metalinguagem é estabelecida

A) por tempos verbais articulados no presente e no pretérito.

B) pelas frases simples e referência ao ditado “não ficará pedra sobre pedra”.

C) pela linguagem impessoal e objetiva, marcada pela terceira pessoa.

D) pela definição de termos como “taipa” e “mangueirão”.

E) por adjetivos como “primitivas” e “simples”, indicando o ponto de vista do autor. 

Questão 14

 (Enem)

As atrizes

Naturalmente
Ela sorria
Mas não me dava trela
Trocava a roupa
Na minha frente
E ia bailar sem mais aquela
Escolhia qualquer um
Lançava olhares
Debaixo do meu nariz
Dançava colada
Em novos pares
Com um pé atrás
Com um pé a fim
Surgiram outras
Naturalmente
Sem nem olhar a minha cara
Tomavam banho
Na minha frente
Para sair com outro cara
Porém nunca me importei
Com tais amantes

[...]

Com tantos filmes
Na minha mente
É natural que toda atriz
Presentemente represente
Muito para mim

CHICO BUARQUE. Carioca. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2006 (fragmento).

Na canção, Chico Buarque trabalha uma determinada função da linguagem para marcar a subjetividade do eu lírico ante as atrizes que ele admira. A intensidade dessa admiração está marcada em

A) “Naturalmente/ Ela sorria/ Mas não me dava trela”.

B) “Tomavam banho/ Na minha frente/ Para sair com outro cara”.

C) “Surgiram outras/ Naturalmente/ Sem nem olhar a minha cara”.

D) “Escolhia qualquer um/ Lançava olhares/ Debaixo do meu nariz”.

E) “É natural que toda atriz/ Presentemente represente/ Muito para mim”. 

Questão 15

 (Enem)

As cartas de amor
deveriam ser fechadas
com a língua.
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva
acalma um machucado.
As cartas de amor
deveriam ser abertas
com os dentes.

CARPINEJAR, F. Como no céu. Rio de Janeiro: Bertrand Russel, 2005.

No texto predomina a função poética da linguagem, pois ele registra uma visão imaginária e singularizada de mundo, construída por meio do trabalho estético da linguagem. A função conativa também contribui para esse trabalho na medida em que o enunciador procura

A) influenciar o leitor em relação aos sentimentos provocados por uma carta de amor, por meio de opiniões pessoais.

B) definir com objetividade o sentimento amoroso e a importância das cartas de amor.

C) alertar para consequências perigosas advindas de mensagens amorosas.

D) esclarecer como devem ser escritas as mensagens sentimentais nas cartas de amor.

E) produzir uma visão ficcional do sentimento amoroso presente em cartas de amor. 

Questão 16

 (Enem)

Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...]. Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984.

Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é a

A) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.

B) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.

C) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.

D) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.

E) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema. 

Questão 17

 (Enem) 

Estojo escolar

Rio de Janeiro — Noite dessas, ciscando num desses canais a cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas eletrônicas, bastava telefonar e eu receberia um notebook capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma estação espacial.

[...] Como pretendo viajar esses dias, habilitei-me a comprar aquilo que os caras anunciavam como um top do top em matéria de computador portátil.

No sábado, recebi um embrulho complicado que necessitava de um manual de instruções para ser aberto.

[...] De repente, como vem acontecendo nos últimos tempos, houve um corte na memória e vi diante de mim meu primeiro estojo escolar. Tinha 5 anos e ia para o jardim de infância.

Era uma caixinha comprida, envernizada, com uma tampa que corria nas bordas do corpo principal. Dentro, arrumados em divisões, havia lápis coloridos, um apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de 20 cm e uma borracha para apagar meus erros.

[...] Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que nunca esqueci e que me tonteava de prazer. [...]

O notebook que agora abro é negro e, em matéria de cheiro, é abominável. Cheira vilmente a telefone celular, a cabine de avião, a aparelho de ultrassonografia onde outro dia uma moça veio ver como sou por dentro. Acho que piorei de estojo e de vida.

CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2009 (adaptado).

No texto, há marcas da função da linguagem que nele predomina. Essas marcas são responsáveis por colocar em foco o(a)

A) mensagem, elevando-a à categoria de objeto estético do mundo das artes.

B) código, transformando a linguagem utilizada no texto na própria temática abordada.

C) contexto, fazendo das informações presentes no texto seu aspecto essencial.

D) enunciador, buscando expressar sua atitude em relação ao conteúdo do enunciado.

E) interlocutor, considerando-o responsável pelo direcionamento dado à narrativa pelo enunciador.  

Questão 18

 (Enem)

Assentamento

Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora

Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora

Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora

BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998 (fragmento).

Nesse texto, predomina a função poética da linguagem. Entretanto, a função emotiva pode ser identificada no verso:

A) “Zanza pra acolá”.

B) “Fim de feira, periferia afora”.

C) “A cidade não mora mais em mim”.

D) “Onde só vento se semeava outrora”.

E) “Ó Manuel, Miguilim”. 

Questão 19

(Enem)

A garganta é a gruta que guarda o som
A garganta está entre a mente e o coração
Vem coisa de cima, vem coisa de baixo e de repente um nó (e o que eu quero dizer?)
Às vezes, acontece um negócio esquisito
Quando eu quero falar eu grito, quando eu quero gritar eu falo, o resultado
Calo.

ESTRELA D’ALVA, R. Disponível em: https://claudia.abril.com.br. Acesso em: 23 nov. 2021 (fragmento).

A função emotiva presente no poema cumpre o propósito do eu lírico de

A) revelar as desilusões amorosas.

B) refletir sobre a censura à sua voz.

C) expressar a dificuldade de comunicação.

D) ressaltar a existência de pressões externas.

E) manifestar as dores do processo de criação.

Questão 20

(Enem)

Diante do pouco dinheiro para produtos básicos de sobrevivência, são as adolescentes o alvo mais vulnerável à precariedade menstrual. Sofrem com dois fatores: o desconhecimento da importância da higiene menstrual para sua saúde e a dependência dos pais ou familiares para a compra do absorvente, que acaba entrando na lista de artigos supérfluos da casa.

A falta do absorvente afeta diretamente o desempenho escolar dessas estudantes e, como consequência, restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do IBGE, revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos que deixaram de fazer alguma atividade (estudar, realizar afazeres domésticos, trabalhar ou, até mesmo, brincar) por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data da pesquisa, 2,88% deixaram de fazê-la por problemas menstruais. Para efeitos de comparação, o índice de meninas que relataram não ter conseguido realizar alguma de suas atividades por gravidez e parto foi menor: 2,55%.

Dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada dez meninas falta às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes. Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula, por ano letivo, como revela o levantamento Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil. O ato biológico de menstruar acaba por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades entre os gêneros.

Disponível em: www12.senado.leg.br. Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).

Esse texto é marcado pela função referencial da linguagem, uma vez que cumpre o propósito de

A) sugerir soluções para um problema de ordem social.

B) estabelecer uma relação entre menstruação e gravidez.

C) comparar o desempenho acadêmico de mulheres e homens.

D) informar o leitor sobre o impacto da pobreza menstrual na vida das mulheres.

E) orientar o público sobre a necessidade de rotinas de autocuidado na adolescência.

Respostas

Resposta Questão 1

Alternativa B.

A função poética pode ser percebida em relação ao texto verbal e às imagens. O texto verbal apresenta elemento poético, como a rima. Já as imagens são plurissignificativas e geram a estranheza típica da poesia.

Resposta Questão 2

Alternativa A.

A função emotiva ou expressiva tem como principal característica a manifestação de um eu, isto é, o autor se mostra no texto. Isso é evidenciado no início da crônica, com o verbo “reparei”. No mais, a alternativa B faz referência à função conativa ou apelativa (convencer); a alternativa C faz referência à função referencial ou denotativa (caráter objetivo); a alternativa D faz referência à função metalinguística (explicar significado de um termo). Por fim, a alternativa E faz referência à função fática (manter canal de comunicação ativo).

Resposta Questão 3

Alternativa E.

Predomina no texto a função referencial ou denotativa, marcada pela objetividade “ao transmitir uma informação ao leitor”, de forma que se centra no “conteúdo da mensagem”. No mais, a alternativa A faz referência à função metalinguística; a alternativa B faz referência à emotiva; a alternativa C faz referência à função conativa; e a alternativa D faz referência à função fática.

Resposta Questão 4

Alternativa D.

Nesse caso, a definição de um conceito está associada à função metalinguística, já que a linguagem é utilizada na definição de um termo linguístico.

Resposta Questão 5

Alternativa A.

A função conativa ou apelativa está associada ao convencimento e está centrada no receptor da mensagem. Já a função emotiva está relacionada aos pensamentos ou emoções do emissor da mensagem. Portanto, o trecho “Vamos criar juntos o próximo nível?”, por utilizar verbo na primeira pessoa do plural engloba tanto o emissor quanto o receptor. O que vai diferenciar esse trecho dos trechos indicados nas alternativas B e C é o caráter interrogativo, ou seja, o emissor faz uma pergunta ao receptor, de forma a destacar a existência de um diálogo, em que há um convite para realizar algo.

Resposta Questão 6

Alternativa E.

A função poética é também artística ou estética, marcada pelo trabalho com a linguagem, que, no caso do poema de Paulo Leminski, está associado a efeitos sonoros e jogos de imagens. Assim, não é característica da função poética: convencer, chamar a atenção do leitor ou discutir sobre a própria linguagem.

Resposta Questão 7

Alternativa A.

Ao tentar definir o termo “hipotrélico”, o narrador usa, em seu texto, a função metalinguística, já que utiliza “a língua portuguesa para explicar a própria língua”, de forma que a língua se volta para si mesma.

Resposta Questão 8

Alternativa C.

É característica da função conativa ou apelativa manter o foco do texto no leitor, já que textos com tal função têm o objetivo de convencer.

Resposta Questão 9

Alternativa D.

Ao “fazer um exercício de reflexão a respeito dos princípios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro”, o texto apresenta função metalinguística, já que está voltado para a definição do termo “livro”.

Resposta Questão 10

Alternativa A.

O convencimento é uma característica da função conativa ou apelativa. O fragmento destaca o objetivo de “convencer outras pessoas” e “engajar aqueles que o leem na realização de seus sonhos”, ou seja, “levar o leitor a realizar ações”.

Resposta Questão 11

Alternativa C.

A função referencial ou denotativa é marcada pela objetividade e, portanto, está presente em textos de caráter expositivo, como se verifica no texto da questão.

Resposta Questão 12

Alternativa B.

O texto possui linguagem objetiva, isto é, impessoal, pois é informativo. Assim, apresenta função referencial ou denotativa.

Resposta Questão 13

Alternativa D.

Usar a linguagem para definir termos é uma característica da função metalinguística. O texto define “taipas” como sendo “muros de pedra para cercar o gado” e “mangueirão” como sendo “uma espécie de curral onde os animais ficavam confinados à noite”.

Resposta Questão 14

Alternativa E.

A função emotiva ou expressiva marca a subjetividade do eu lírico. O uso do advérbio de intensidade “muito”, na alternativa E, destaca a intensidade da admiração do eu poético.

Resposta Questão 15

Alternativa A.

Ao utilizar o verbo “deveriam”, o eu lírico busca convencer ou influenciar o leitor, de forma que o texto apresenta também marcas da função conativa ou apelativa.

Resposta Questão 16

Alternativa C.

Apesar de a função emotiva ou expressiva estar presente no texto, pois ele está escrito na primeira pessoa, a função metalinguística é predominante, já que o poeta usa um texto para falar de outro texto, ou seja, o poema Vou-me embora pra Pasárgada.

Resposta Questão 17

 Alternativa D.

O foco do texto está sobre o enunciador, já que o texto é escrito em primeira pessoa. Assim, apresenta função emotiva ou expressiva.

  

Resposta Questão 18

Alternativa C.

A principal marca da função emotiva é o foco no enunciador da mensagem, o que se percebe em “A cidade não mora mais em mim”.

Resposta Questão 19

 Alternativa C.

A função emotiva ou expressiva tem como foco o enunciador da mensagem ou eu lírico, o qual, no poema, diz: “Quando eu quero falar eu grito, quando eu quero gritar eu falo, o resultado/ Calo”. Assim, ele expressa sua dificuldade de comunicação. 

Resposta Questão 20

Alternativa D.

A função referencial ou denotativa é caracterizada pela objetividade típica de textos informativos, como é o caso do texto da questão.

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